O Ayurveda, conhecimento médico mundialmente mais antigo, nascido na Índia, significa ciência da vida.

Todo este conhecimento é parte das escrituras dos Vedas, inicialmente passada verbalmente de deuses para sábios e destes para médicos e posteriormente compilado. O primeiro conceito de Ayurveda foi escrito por Veda Vyasa, um famoso sábio e Lord Dhanvantari, um avatar de Vishnu, em Atharvaveda, que é um dos quatro livros mais antigos de conhecimento, sabedoria e cultura indiana.
Os tratados médicos Charaka Samhita e Sushruta Samhita, que foram publicados entre 2 a.C. a 2 d. C., são conhecidos e utilizados até hoje. Neles encontramos conhecimentos de anatomia, fisiologia, fitoterapia e até mesmo cirurgia. Outros sistemas de saúde mais conhecidos tiveram suas raízes no ayurveda, como a homeopatia e a medicina chinesa. Ao ler os textos de conhecimento védico compreendemos que cada um de nós temos as mesmas substâncias que tudo o que encontramos no universo. Somos compostos pelos mesmos 5 elementos (espaço, ar, fogo, água e terra) que ervas, alimentos e animais.
Para o ayurveda a saúde não é apenas um corpo livre de doenças, pois seu foco é no indivíduo como um todo. Buscamos um conceito mais amplo de bem-estar físico, mental e espiritual. Sendo, cada ser humano deve ser tratado integralmente e de uma maneira individual. A maioria dos conhecimentos utilizados são preventivos, nos quais se leva em consideração a constituição física (baseada nos 5 elementos, formando os doshas/biotipos de Vata, Pitta e Kapha) e psicológica de cada um para a escolha de práticas diárias mais apropriadas, inclusive dieta e exercícios físicos.

A dieta é um dos fatores mais importantes para a manutenção de uma saúde adequada, pois para o ayurveda você é o que você digere, e não apenas o que você come. Entende-se, por exemplo, que se uma pessoa não tem fome ao comer, lhe falta o fogo (agni) necessário para transformar este alimento em micronutrientes.

O alimento mal digerido, por sua vez, transforma-se em biotoxina (ama) e aos poucos aloja-se nos tecidos, gerando as doenças. Se na sua língua há uma capa esbranquiçada, amarelada ou acastanhada, fique atento, pois são sinais de acúmulo de biotoxinas.

Para saber se sua digestão está boa observe se todos os dias você defeca pela manhã sem sensação residual, com facilidade para limpar-se (sem muita sujeira), se suas fezes não são grudentas, tem forma e consistência similares a de uma banana e são marrons. Gases, distensão abdominal, constipação, refluxo, azia….são todos pequenos sinais, muitas vezes ignorados, de que não está tudo bem.
As emoções não digeridas, como a tristeza e a raiva, também são fatores que causam desequilíbrios e doenças. Um caso bem comum é a raiva, uma emoção quente que desequilibra o dosha de Pitta – composto por fogo e água – que tem sua sede, dentre outros órgãos, no fígado. É por essa razão que os tratamentos também incluem pranayamas (exercícios respiratórios) e meditação, por exemplo.
Para manter uma boa saúde é essencial que estejamos em sintonia com os ritmos da natureza, que tem sido cada vez mais distante de nossa rotina repleta de estímulos tecnológicos, alimentos industrializados, vida sedentária e estressante.

Após tomar consciência destes fatores, deixo para reflexão individual:

• Será que posso investir mais tempo para comprar alimentos frescos e cozinhar?
• costumo dormir bem, respeitando o ciclo circadiano (dia e noite)?
• Tenho colocado mais no prato alimentos de verdade ou industrializados?
• Costumo tirar um tempo do meu dia, ou da semana para fazer alguma atividade ao ar livre, com luz natural, que me deixe alegre?
• Como por fome, por ansiedade ou até mesmo de 3 em 3 horas (afinal é o que dizem por aí que é bom)?
• O que posso fazer para deixar ir emoções que me tiram do centro?
• Costumo me sentir bem ou mal após as refeições?